4.12.17

Douda Correria

Douda Correria
(a irmã mais nova da Mia Soave)

"Porque as editoras são fundadas pelos e com os livros que publicam, a Douda Correria nasceu em 2013 com a publicação de Canto Nono (o da Ilha dos Amores, em Os Lusíadas; o dos acolhimentos, no corpus poeticum de Nuno Moura). O nome foi respigado nos versos de um soneto de Ângelo de Lima, conciliando a loucura do poeta com a insana actividade de publicar livros no século das novas tecnologias. Valham-nos as plaquettes, a tipografia de caracteres movediços, os agrafos e as lombadas, o cheiro a tinta e as ilustrações, valha-nos este papel de actuar num caótico universo de novidades abraçando tudo o que por ser anacrónico parece ainda mais poético. É nesse terreno da edição enquanto acto poético que nos sentimos confortáveis e gostamos de caminhar, trazendo para cima da mesa autores e textos que nos parem de repente o pensamento surpreso, escrutador, atento. Acto poético e, por isso mesmo, apaixonado, ou, para citar o mestre, acto diletante, acto amador de quem ama e oferece ao amor a obstinação que o reclama. A Douda Correria tem uma linha editorial muito ténue, tão ténue que quase não se vê, uma linha que mais do que se ver pressente-se nos títulos que por paixão vai dando à estampa. No seu labirinto de afectos encontram-se autores de várias línguas, sendo o que de mais belo há neles a capacidade de inventar sua própria linguagem sem menosprezar a dos outros. É possível que nada disto faça sentido, é até desejável que nada disto faça sentido. Um cavalo alucinado também não faz sentido, no entanto galga e prossegue sob a espora."

Henrique Manuel Bento Fialho

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